quinta-feira, 27 de junho de 2013

Sete notas a mais





Os pés descalços deslizavam do céu até o chão de paralelepípedos. Íntimos daquela superfície agasalhada com casco de tartaruga, chamavam a atenção pelos dedos bem redondos com unhas artisticamente modeladas em curvas. Sua cor de terra pediu às sementes do meu coração algo para se criar. Germinou ali nossa paixão. 

Eu te observava do outro lado da calçada. Como se meus olhos adquirissem a timidez e curiosidade de um turista, pude, lentamente, guiá-los até seu rosto. Os cachos lhe davam ares de deus grego bastardo no sangue e sublime na temperança. Empunhado de um violão, sorria sem mostrar os dentes a cada acorde tocado sem mostrar os versos. Mudo, deixou que todos ao redor compusessem a letra de uma melodia vadia, libertina e tranquilamente dada ao simples prazer de ser cobiçada. 

Suavemente, os olhos esverdeados coloriram meu corpo cinzento. Senti o calor de seu desejo ouriçando meus poros e, de suor em suor, lavei-me com a água benta do querer. Untado no sufoco da imaginação sem toque, respondi seu convite com um suspiro quase que imperceptível e soprei ao vento meu sobrenome, só para ver se caberia sobre o seu. 

O Sol brotava de tempos em tempos para obrigar as sombras da insegurança a darem e se esconderem nas muitas vielas que a Bahia sentia orgulho de parir. do seu peito pude ouvir o apelo do coração. Sem , berrava por meus passos e o andar hipnótico de um corpo seduzido pelo cheiro de canela fresca. Fui sim, cil seria não adMitir que por você eu já estava encantado e no seu canto havia encontrado o meu canto, asSim, aconchegado como fim de tarde. Como fim de acorde.

Aconchegados. Até que a gente acorde.

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