Os pés descalços deslizavam do céu até o chão de paralelepípedos.
Íntimos daquela superfície agasalhada com casco de tartaruga, chamavam a
atenção pelos dedos bem redondos com unhas artisticamente modeladas em curvas.
Sua cor de terra pediu às sementes do meu coração algo para se criar. Germinou
ali nossa paixão.
Eu te observava do outro lado da calçada. Como se meus olhos
adquirissem a timidez e curiosidade de um turista, pude, lentamente, guiá-los
até seu rosto. Os cachos lhe davam ares de deus grego bastardo no sangue e
sublime na temperança. Empunhado de um violão, sorria sem mostrar os dentes a
cada acorde tocado sem mostrar os versos. Mudo, deixou que todos ao redor
compusessem a letra de uma melodia vadia, libertina e tranquilamente dada ao simples
prazer de ser cobiçada.
Suavemente, os olhos esverdeados coloriram meu corpo
cinzento. Senti o calor de seu desejo ouriçando meus poros e, de suor em suor,
lavei-me com a água benta do querer. Untado no sufoco da imaginação sem toque,
respondi seu convite com um suspiro quase que imperceptível e soprei ao vento
meu sobrenome, só para ver se caberia sobre o seu.
O Sol brotava de tempos em tempos para obrigar as sombras da
insegurança a darem Ré e se esconderem nas muitas vielas que a Bahia sentia
orgulho de parir. Lá do seu peito pude ouvir o apelo do coração. Sem Dó, berrava
por meus passos e o andar hipnótico de um corpo seduzido pelo cheiro de canela fresca.
Fui sim, Fácil seria não adMitir que por você eu já estava encantado e no seu
canto havia encontrado o meu canto, asSim, aconchegado como fim de tarde. Como
fim de acorde.
Aconchegados. Até que a gente acorde.
Aconchegados. Até que a gente acorde.
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