Você escreve? Que legal. Escreve sobre o quê? Ah, sentimentos, ideias, pontos de vista, sensações... Grande bosta!
Qual escrita é a certa? Qual é a forma do texto? Qual é a curva que melhor define a cintura de uma boa narrativa? Quantos centímetros tem um parágrafo bem duro? Floreia, perfuma, escreve pra receber agrado, pra ganhar bala de troco. Patético.
Pode untar as palavras com o eufemismo mais fino - digno dos clássicos europeus, ou se render ao sabor açucarado das metáforas - justificável, afinal os vermes só se satisfazem com doces. Faça tudo isso, escreva, chame a falta de sinceridade de "licença poética" e a sua mediocridade em "escrita simples". Babaquice de merda.
E a revolta nos textos? Grita, esperneia, xinga todo mundo inclusive a si mesmo. Usa aquela velha técnica de ressaltar os defeitos a tal ponto que eles se transmutam em qualidades. Crucifique-se e descreve - com toda sua técnica escrota - o ato dramático, o apogeu da burrice intelectual e espere que alguém minta ao dizer que "até se arrepiou ao ler suas orações". Cristo das letras. Depois cansa, aponta o dedo, renegada três vezes e troca o mártir por algumas moedas de fibra ótica. Agora quer ser Judas. Aproveite para se enforcar.
Falsos escritores que se vendem como escritores, ouçam-me: jamais deixem que um idiota completo lhes tire a tinta da ponta da caneta e o surto do pico da alma.
Seja falso e, se possível, também seja escritor.
Tratando-se de literatura, a realidade é uma só: há várias verdades. E o dobro de mentiras.
Passar bem.
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