quarta-feira, 12 de junho de 2013

No silêncio da leitura



Durante minha adolescência não tive muito contato com livros. Passava a maior parte do tempo na rua, com meus colegas. Lá, conheci histórias de todos os tipos e, indiretamente, absorvi cada uma delas como páginas e páginas de livros fantásticos. Tão fantásticos que só existiam na minha mente. 

Em contrapartida, eu gostava muito de escrever – e isso não é novidade, afinal, dediquei vários dos meus textos à admiração que tenho pela literatura. Engraçado pensar que hoje eu leio muito e sinto como se já tivesse imaginado, nem que por alguns segundos, os conteúdos a mim apresentados.

O prazer que tenho ao adentrar numa nova história se deve à curiosidade. No caso, ela se transforma não no sentimento de “lidar com o desconhecido”, mas de encontrar no desconhecido o que eu – em algum momento daquelas horas gastas nas ruas e calçadas – conheci. Não me sinto escritor, porém acredito que todos nós temos a chance de escrever com gosto. Creio nisso porque não tenho fé nas inspirações divinas ou nos dons. É uma questão de percepção. E vontade. 

Voltando à leitura, desconsidero qualquer indicação que seja definida por terceiros como “obrigatória”. Se não há prazer no ato de alisar frases com a ponta dos cílios então não estamos falando de leitura e sim do ato de ler. Se não existe a oportunidade de escolher uma publicação e também ser escolhido por ela, pouco importa o desenrolar dos fatos ou a diagramação das páginas. Faz-se indispensável alguma intimidade – ou perda de vergonha – ao se trancar no quarto com uma obra sedutora e interessante. Seja pelo perfume com odor de mistério ou textura de capa que remete à pele sedosa, não se pode negar o fato de que terminar um livro é, grosso modo, gozar do prazer de ter entregado ao autor seu corpo e alma – em outros termos, seus olhos e sua sensibilidade.

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