sábado, 31 de outubro de 2009

Só o corpo adoece

Eu, e as duas essências que me compõem. O não material que acaba se materializando no meu rosto e o material que some feito poeira quando escolho pronunciar as palavras corretas. Na verdade, como já havia lido, o maior sofrimento não está na carne, se assim fosse, o suicídio de fato seria o melhor remédio. O que não vem ao caso.

Um breve inicio que não tem cara de introdução, remetendo o leitor -principalmente se ele for um escritor também, a um texto sem estrutura e dificil de analisar tecnicamente. Eu me permito ser assim, não formatado nas regras da ABNT, blah blah blah.

Até teria muitas coisas para dizer, só que de repente perdi a vontade. Soa mais sincero assim.

Cry baby ...

sábado, 17 de outubro de 2009

A arte de negar





Negue os seus sentimentos e vontades mais malucas. Negue o seu mau humor crônico e a falta de consideração para com o próximo. Negue a paixão que queima no peito e a indiferença diante da dor alheia. Negue o bom dia , negue o boa noite, negue que se sente só toda vez que deita na cama e não escuta a porta bater. Negue que precisa de dinheiro, negue que precisa ter mais do que necessita. Negue que saiu hoje, negue que voltará amanhã. Mas volte.

Optar por não sair pode ser optar por um vazio imenso nas próximas horas. Acordar no domingo sem nem ao menos ter alguma lembrança do sábado. Mas você tem a maldita lembrança de que teve uma visita digna e mesmo assim negou que ela tenha sito importante. Mas foi.

Aceite a fuga como base segura, aceite a desculpa como carta na manga. E negue tudo aquilo que vier por consequência da sua falta de otimismo. Aproveite a baixa iluminação e faça fotos em preto e branco, esconda os detalhes, ressalte as lacunas. Mas não deixe de retratar.

Diga uma frase que faça sentido, e que vá além do que foi delimitado. Explique que só se eterniza o que é escrito, e que a fala pode ser alterada , pode ser construída e o "não" tem toda a capacidade de se tornar um "sim". Mas deixe que falem , e falem bastante.

O som te induz a escrever compulsivamente, por linhas sem sentido ou com um sentido egoísta e egocêntrico. Se permita errar e optar por não ser um exemplo. Siga o caminho desenhado pelos seus olhos e esqueça que alguém à frente já ultrapassou a linha de chegada. Perdoa a si mesmo por não saber perdoar as outras pessoas. Não viva com o rancor, mas aprenda com ele. Queima a porcaria do "filtro solar", beba, grite , brigue , pegue todos os malditos verbos no imperativo e jogue no lixo. Mas comande a si mesmo.

Sei tão pouco e mesmo assim me acho em condições de escrever tudo o que escrevi. Vejo que pouco tempo tenho para tentar renovar ou passar por uma nova fase. Também sei que pouco me importo com a medida do tempo, pois sei que quando está se fazendo o que gosta tudo corre numa velocidade cósmica. Já não há mais busca por desejos barateados, já não há mais aquela vontade de simplificar para tentar alcançar. Eu sei que falo muito, contudo o conteúdo é praticamente o mesmo: Aquela velha insatisfação que me satisfaz, pois me faz pensar, refletir e tentar achar um sentido. Corte os solos imensos, corte os vocais afinados, corte o baixo sem palheta, corte a bateria com 10 mil pratos. Mas faça uma música sincera. Faça a porra de um bom punk rock.

Faça, e só.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Além do texto




Não sei se foi pela sensação que resolvi escrever. Ou se foi pela simplicidade do momento em que, subitamente, eu me desliguei do ritmo acelerado do mundo e fiquei estático, apenas me sentindo como parte de um "todo" não fragmentado. Uma rede de conexões cósmicas se instalou no meu ser, parecia que aquela brisa leve não deixava mais a pele do rosto e você enxerga tudo de maneira tão minimalista.


Por mais que eu tenha crescido em meio ao caos e tudo tivesse rumado sempre para um conflito maior e mais complexo, hoje eu já consigo rumar para um certo plano onde impera a calmaria ou o silêncio necessário para ouvir os próprios pensamentos. O corpo ficou leve e então apenas segui o fluxo natural, escorrendo por entre meus dedos, sem verdade ou mentira, sem explicação que venha de alguma teoria. Deixa toda a materialidade das paredes para trás, vá além do concreto , vá além do texto e deixe que as palavras ecoem no espaço dentro da sua mente, que elas se tornem vozes suaves capazes de gerar uma polifonia impessoal.


Hoje deixei de ser um só, e me juntei ao todo ... Esqueci por muitas horas do "eu".


Nem felicidade, nem tristeza. Apenas um alívio sublime.

sábado, 10 de outubro de 2009

But I won't shed a tear...


Nem o álcool tem mais aquele sabor ou efeito, não te traz prazer ou saída. Quase tudo perde a graça quando se torna necessidade e não mais alternativa. Houve um tempo em que eu pensava que só longe é que era possível ser feliz de verdade, com tudo o que sonhei e esperei de mim e das outras pessoas. Mas no fundo, eu só queria é ser livre sem fingir ter perdoado a todos ou simplesmente ter me tornado indiferente quanto ao passado. Que falta faz um amigo que não tente te corrigir ou mudar seu jeito de ser, que seja apenas um amigo para aquele momento em que tudo o que você busca é entender aquilo que é hoje, não aquilo de foi ontem ou deve ser pela manhã seguinte.

Existem momentos em que o silêncio ao acordar faz toda a diferença. No entanto eu prefiro não me alongar quanto aos momentos... São muitas coisas que levam sempre ao mesmo destino.
Sabe quando você sente a vontade de lutar por alguém? De brigar por alguém? Acho fundamental se tornar seguro o bastante para manter-se de pé diante de qualquer situação, contudo sempre há aquela hora em que o ideal não seria escrever um livro sobre suas façanhas e conquistas individuais, mas sim escrever sobre como conseguiu salvar aquele coração partido ou como encontrou uma saída para salvar aquele romance em sépia.

Só nós sabemos o que buscam nossos passos, é assim que através dos dias, meses a anos eu faço as perguntas certas para poder dar respostas erradas. Ser previsível não me faz bem.

Aprendi que para falar de sentimento é preciso deixar as defesas para trás, ser capaz de rir da desgraça e chorar de saudade dos tempos bons, é importante ter a liberdade de se arrepender depois por ter falado tudo, é ser realmente forte para deixar os preconceitos e as duvidas demonstrando uma segurança que talvez nem tenha de verdade. Aprendi mais uma coisa: falar de sentimento requer ressentimento. Se não houver um pequeno gosto amargo então não é falar de sentimento, mas sim cair na ilusão de que tudo está perfeito.

Don't think we're ok just because I'm here.

sábado, 3 de outubro de 2009

Etanol




É como uma corrente de ar que passa e derruba as placas de sinalização. É como gasolina correndo pelas veias, alimentando uma sensação de absolutismo ou nirvana. É como pólvora no estômago, ou diesel no fígado. Os pulmões cheios de violência, o cérebro enfeitiçado pelo Etanol.


Existe uma maneira correta de se falar sobre as sensações. Quando são boas e moralmente aceitáveis, escreve-se textos enormes, cheios de eufemismo, uma chatice. Porém, quando se fala de sensações que necessitam de algum aditivo, pronto, tudo vira tabu e cai no senso comum. Talvez o mundo nunca tenha parado para pensar que se opta por certas sensações justamente pelo prazer que elas proporcionam, ou que não seja prazer, mas seja libertação. Sim, todos sabem que depois tudo vira prisão, vício, incapacidade de existir sem o lado "químico" da coisa, mas dessa vez optei por falar do presente, do instante em que o sangue já não é puro, assim como o resto do corpo.


É uma sensação cretina de segurança, de superioridade quanto aos problemas. Você se torna capaz de falar dos próprios problemas, sem se retirar da causa deles. Geralmente as pessoas apontam o problema e falam com uma indignação digna de quem não contribuiu para o mal estar, porém sabe que é elemento definitivo dentro dele.


Dá vontade de falar de tanta coisa, como por exemplo:


Banda
Banda dos outros
Shows de conhecidos
Cena underground atual
Realidade de quem toca hoje em dia
Problemas internos dentro da própria banda
Falta de compromisso dos integrantes
Integrantes que se entendem
Riffs
Mais Riffs
Política
Mídia
Meios de comunicação que agem como prostitutas

Fotografia
Música muito boa que o amigo fez

Música muito boa que você fez

Estudos

Trabalhos

Hardcore genuíno

Namorada (o) dominadora (o)

Liberdade de verdade

Punk rock

Cerveja

Mal do mundo


...


Etc.