quarta-feira, 29 de maio de 2013

Tudo bem e com você?



Acabou. Quem diria 

que um dia

eu diria a mim mesmo

“acabou”?

E acabou?

Você busca alguma coisa capaz de reviver o sentimento há tempos cultivado com carinho e não consegue encontrar nada. Vazio. Seria perfeito se não tivesse levado consigo toda a consideração e relevância que antes me fazia esperar por uma mensagem, um convite e um abraço. 

Só que é assim. Depois dos picos de depressão sobra apenas a raiva por ter perdido tanto tempo. E o espelho olha pra você um dia e diz: que merda é essa? Vai ficar assim mesmo? Não, sai dessa logo.

Caminhei por aí com cadarço desamarrado, com cigarro nos lábios, sem muita grana na carteira, mas com uns trocados no coração e gana na cabeça. Com vontade de beber, vontade de não te ver, de nem ter te conhecido, de ter vivido numa outra rua, estudado em outra escola e ter aceitado outro convite para o cinema. Tantas vontades, pra falar a verdade. Desejo de ter vivido outra vida, pra falar mentira.  

Caminhei
Por aí com cadarço
Desamarrado
Com cigarro
Nos lábios
Sem muita
Grana
Sem muita
Gana

Caminhei
Por aqui com vontade
De beber
Com a meta
De não te ver
Nem ter te conhecido
Nem sorrido
Nem partido

Andei pra ver se o pensamento se alinhava, sabe? ?Olhava para os outros que nem me percebiam. Todos com algum foco, alguma meta, algum compromisso ou promessa a ser cumprida. E eu ali, alheio ao mundo. 

Puxa o maço, tira mais um cigarro. Um pulmão reclama, o outro clama. O coração redobra o esforço e a boca amarga nem se abala mais. Bota bala de canela nela, a língua, que já tá mais do que enrolada de tanta palavra jogada fora na tentativa de te explicar que certas coisas foram feitas pra sentir, não pensar, pra degustar, não fumar – no máximo escrever. No mínimo experimentar. 

Esfria e fica nublado demais. Neblina, rotina, ônibus, metrô, bilhete sempre no osso, isqueiro sempre no bolso. 

Vai
chega,
entra,
senta,
levanta,
sai da estação e se perde
na próxima imaginação. 

Tem CEP só que não tem endereço, tem casa só que falta uma chave pra trancar a porta do quarto e poder amar sem que ninguém veja ou ouça. Falta tanta coisa, só não falta vontade. 

E vai assim, no flow do inesperado, fingindo pra si mesmo que a morte é algo programado e que o “fim” depende só de mim, que sou ele – esse que você está lendo e sobre quem estou escrevendo. E nesse texto a gente se encontra, sem cinema, sem cobrança, mas com a boa e velha confusão. Deixa fundir as mentes antes de foder com a relação. Deixa fluir, sabe? Sabe sim, porém deu uma de desentendido, então, meu caro, nem adianta pagar de amigo. 

Acabou.

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