segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Ainda sobre águas



Não sabe garoar, só sabe ser temporal.
Não sabe chover, só sabe despencar.
Quem dirá fluir, no final só sabe transbordar.

E ele se segura, faz represa da própria vida
e preza por uma tranquilidade que
presa se transforma em rio de si mesmo

Parado.
Inundado de vontades
e impossibilidades.

Não sabe escorrer, mas aprendeu a arriscar
riscando na parede do peito
cada dia a mais afogado.

Fez-se mar por amar
Fez oceano por engano 
Grande demais para se caber

Sem cabimento subiu na maré do destino 
molhando os lábios arenosos 
Com o gosto salgado das lágrimas

Aprendeu a ser temporal 
Por bem ou por mal 
Aprendeu a despencar 
De tanto confiar 

Mas não deixou de transbordar
Quiçá navegar. Quiçá ancorar.

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