sábado, 21 de julho de 2012

O que dizer sobre os homens?



O que dizer sobre os homens e sua eterna posição aparentemente favorecida? O que dizer sobre a ditadura que os acompanha desde o parto, quando o pecado original os fez chorar diante da mãe exausta? É isso que são, e que somos. É isso o que sou. O desapego que desde cedo rompeu os laços com a feminilidade, pois só assim pôde se firmar numa terra sem traços definidos. O que dizer sobre os homens? O mesmo que diria sobre qualquer outra criatura.

A distinção criada pela natureza -  como forma de explicar a continuidado do já citado pecado original - reforça a ausência de qualquer fórmula. Homem, aquele que supostamente está responsável pela segurança e ordem do mundo, caído em sua própria pele, preso em grades ancestrais e seduzido por um chamado considerado primata que já não decodifica a língua falada no novos tempos. Demasiado animal.

Este homem tem a força como fuga. Tem a força como rejeição e punição. Tem a força como adjetivo. Entretanto, não sabe nada sobre como ser forte. Porque o ser forte não atende mais o corpo, o parto ou à genitália. O ser que é forte fixa os olhos no mundo e com isso cega a velha necessidade de conferir se seus culhões continuam no mesmo lugar. O corpo é depósito e nem por isso merece menos cuidados. É depósito e nem por isso merece definir o que é e o que não é bom para o homem. De repente, não sei o que dizer sobre os homens.

Vejo neles, assim como vejo em mim, um julgamento pior do que aquele que transformou sangue, madeira, pedra, cruz e pregos em objetos de adoração. Vejo a sentença eterna - que pesa na costela nunca antes retirada - conduzindo o espírito pelos labirintos da ignorância. As vias cerebrais tão frágeis que impedem o homem de tocar sua superfície e, com isso, garante que ele vague solitário dentro de sua própria cabeça. Esse homem que ama como mulher e homem, sem distinguir o tamanho ou forma. O mesmo homem que esconde suas emoções em busca de uma gruta conhecida popularmente como "moral".  É este homem que me encanta e irrita ao mesmo tempo. O mesmo homem que existe dentro de cada mulher, assim como cada menina que existe e insiste em ensinar a cada menino com quantas letras se escreve "eu te amo".

E o que dizer sobre os homens? O mesmo que diria sobre você. Mas, por favor, que isso fique entre nós. 



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