quinta-feira, 5 de julho de 2012
Labirinto cefálico
Observe com atenção. Quantos caminhos você enxerga na superfície do cérebro? Quantas vigas, frestas, vielas e córregos estão registrados nesse espaço demasiado frágil? Quando me deparei com tal imagem, senti o alívio de ter nascido na condição de "perdido". O Louco, o primeiro arcano, aquele que encontra beleza no "não saber" foi justamente quem batizou a alma em forma de massa.
Percorri um desses corredores. Escolhi de olhos abertos e razão fechada. O tempo se desfez; primeiro engano. As pessoas nunca existiram de fato; cai nos braços da imaginação; gosto e som eram lembranças de um passado inexistente. Toda essa complexidade me fez voltar ao teto do emaranhado cefálico.
Outro caminho. Frustrações, lamentação, resistência e bucolismo. Andava lentamente, com as mãos raspando a ponta dos dedos nas paredes. Sangrei sem sentir dor. Achei falso. Senti um pedaço da morte. A falta da dor é a morte. Não tem pulso. Retornei.
Ninguém guia o pensamento;
Ninguém controla as ideias;
Ninguém invoca a criatividade;
Ninguém retrata o passado com exatidão;
Ninguém vive o presente com plena razão;
Ninguém confia no futuro;
Não somos nada além de perdidos dentro do próprio cérebro.
Deus, o diabo e todas as outras negações são os altos muros que nós tentamos pular, no intuito de ver além do labirinto.
Ninguém enxerga aquilo que não alcança. Por isso, cansa.
E "ninguém" é equivalente a "todos" quando se trata de estar perdido.
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