quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sai de si, vem curar teu mal...

A noite estava fria, eu já não guardava nenhuma expectativa. Apenas que a tosse diminuísse e eu pudesse respirar melhor. Não sei por que, mas lembrei daquela garota que parece uma flor de maracujá. De repente, ela surge e me presenteia com uma canção linda. E agora eu escrevo, envolvido pela voz macia e a melodia que aperta o coração e o deixa do tamanho de uma pérola. Ainda assim, ele é jóia rara.

Estar assim como eu estou pode ser sublime e desastroso ao mesmo tempo. Uma mistura de sensações e a falta de prática quando o assunto é esperar que o outro se encontre e descubra que seu lugar é ao meu lado. Ou que eu descubra que ao meu lado já não cabe mais ninguém. Sei que não consigo nomear com certeza o que estou sentindo. Acho melhor que fique assim, nas entrelinhas que amarram meu peito, onde existem algumas frases flutuando, sem sentido, mas sentindo. Resolvi deixar esse momento fazer moradia na minha vida, independente da tristeza/felicidade que causa. É desse modo que eu me divido em dois e sinto falta da outra metade. Permito que nas minhas veias corram todos os sonhos que já não são mais escravos da mente. Cansei do meu cérebro e toda a sua razão, como também cansei do meu coração e toda a sua ilusão. Percebi que estou vazio. Não por causa da sua ausência e sim por causa da ausência de mim em mim. Só que é mais forte. Apenas mais forte. É mais forte do que qualquer outra coisa. No meu caso, lidar com tanta felicidade acaba criando uma vontade auto destrutiva de evitar a abstinência.

Não são palavras que buscam compreensão. Nem mesmo são versos tentando encontrar a essência de outras pessoas. São relatos de acontecimentos inexistentes. Momentos que não vivi e por isso anseio todos os dias pela chance de ter um instante só com você. Momento esse em que nos tornamos um só. Porém, não sou eu quem carrega a cura para a sua insegurança. Nem mesmo sou eu que libera o seu coração dos medos que o impedem de bater livremente. Esta distância é o que nos faz vivos, eu aprendo a dosar as toxinas que tiram meus pés do chão, e você faz dos seus diversos amores um caleidoscópio de memórias. São tardes em que contamos nossas vivências, nossos casos, mas eu sempre procurando encontrar um conto que fale de nós apenas.

As ruas da cidade que mais parece um jornal molhado tentam me conduzir para qualquer outro lugar, que não seja familiar a nós. Penso que se fosse questionado quanto o que quero de verdade, não saberia responder com certeza. No máximo, ia explicar como eu queria, independente do que seja. Sou péssimo para nomear as coisas, e sou apaixonado por aquele tipo de amor que não precisa se pronunciar. Ele é tão simples, tão puro. Ele vive apenas de bons momentos, e quando alguma dificuldade surge, tira forças de nós para manter-se aceso. É como chama que aquece e nos chama para perto do que é verdadeiro. Não aparece em muitos filmes, não é prêmio em programas de televisão. Esse amor sem nome é tão raro quanto as pessoas que o tem e sabem deixar o egoísmo de lado. Sabem dividir e construir algo que vai além das poesias conhecidas.

Me deixar tão livre assim foi a maneira mais bonita que alguém já escolheu para dizer que não me ama.

"Encontro".

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