Ainda não encontrei nada melhor do que aquelas conversas de segunda-feira, arbitrárias e pagãs. Conversamos através das entrelinhas. É cansativo ter que buscar meios e formas de explicar os sentimentos, então para que não caia na rotina tentamos nos entender apenas através de "meias-palavras". Isso deve parecer horrível para aqueles que nascem com a objetividade correndo nas veias ou correndo em um ritmo acelerado e frenético. Bom, para nós é algo fundamental, esquecer do tempo e deixar ele correr livre, assim esquece de nós, esquece de nos apagar.
É diferente, é como conversar através do silêncio. Os olhares às vezes fogem, mas na grande maioria preferem ficar colados. Eu não te construí para que se sustentasse com as minhas pernas, e você procurou outras para se apoiar. Agora os passos voltam a ser dados, lentamente, respeitando as suas dificuldades. E eu estou ali, te observando, admirando o caminho que você está fazendo e que te levará a mim. Pode soar pretensioso, mas não é.
Sempre falo a dois, sempre te incluo nos meus diálogos, sempre ouço sua voz sussurrando no meu ouvido as frases que diria se estivesse de fato aqui. Respeito a sua ausência. Economizo nas palavras, eu sei, mas abuso dos atos.
Tudo o que precisamos é isso, esta atmosfera sem nome, esse relacionamento sem nome, sem explicação, que liga às 4 da manhã só para saber se o outro está ali. Que pede pra fugir sem precisar dizer o motivo, que desenha os caminhos com toda a incerteza de quem nunca viveu o que está vivendo. Eu só preciso de você, e você de mim. O mundo pode continuar existindo, mas de nós ele só terá as pegadas.
Liberdade é poder escolher a quem pertencer, sem medo de se tornar preso.
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