quinta-feira, 27 de maio de 2010

160 balas de Desert Eagle não me renderiam um dente de ouro

Pós - chuva, pós - esperança, pós - pulmões doentes. Aquela dose perfeita de gasolina, aquela sensação de que meu corpo está em chamas. Resolvi andar mais rápido para chegar mais rápido. Guardava no bolso esquerdo sete crânios e um deles estava em forma de anel. Resolvi entregá-lo pessoalmente a um velho diabo que assim como eu, rabiscava as páginas do destino com o próprio sangue, vindo das mãos.

Eu idealizava alguns momentos, esperava que eles se concretizassem. Até ri por alguns segundos, feito idiota mesmo. Cheguei na cidade. Típico buraco no meio do deserto, imagem mais linda não poderia existir. Caminhei alguns passos buscando com olhos selvagens o primeiro bar que estivesse com as portas bem fechadas. Achei. Entrei. Olhei. Bebi. E perguntei se alguém conhecia o velho diabo destruidor de corações. Óbvio que conheciam, mas tudo tem um preço , inclusive me dizer aonde de fato ele está trancado.

Durante o caminho eu encontrei uma velha cigana, cega de um olho. Ela pediu dinheiro em troca de ler minha mão. Eu estava sem um puto. Mas disse a ela que pagaria pelo serviço. Pois bem, ela pegou minha mão e começou a tateá-la, em seguida, fez uma cara de que tinha lido a própria sentença nas linhas pagãs. Disse que meu nome pertencia a uma das 7 maldições do deserto, que eu carregava nas costas o caos. Ok, pra finalizar com chave de ouro a bruxa do oeste revela que ainda assim eu vou me salvar, pedir perdão ao mundo e alcançar um lugar na luz, ser alguém muito bom que ajudaria crianças e velhos.

Quando eu disse que não pagaria por ter ouvido aquelas merdas ela tirou um punhal e cortou meu pulso. Nada muito profundo, mas profundo o bastante para me deixar muito magoado. Acendi o cigarro que havia feito com palha do deserto, traguei aquela porcaria, olhei para a nobre desgraçada e tirei, delicadamente, o seu dente de ouro. Como? Bem, depois do corte ela tentou me morder, eu dei um passo para traz e na segunda investida da velha coloquei a âncora que carrego no pescoço bem entre seus velhos dentes. Pronto, sem sangue, com dor, e muita, mais muita classe. Afinal, estou lidando com ouro! Ouro esse, que serviu de pagamento pela informação que buscava. Agora eu sei onde o diabo velho se esconde.

Lá vou eu, encontrar a mim mesmo.

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