Já acordei indisposto. Maldito sol dos infernos queimando meu rosto, a boca colando e o braço dormente. Aquele velho cretino começou a bater na porta, freneticamente. O desgraçado sabia que eu estava lá, mesmo com tudo completamente mergulhado no silêncio. Calcei minhas botas, peguei um cigarro, dei um bom gole no café de anteontem e fui para o quartinho dos fundos. Ele começou a gritar meu nome pelo corredor dizendo que ia me chutar dali, esfolar minha fuça, essas coisas que só cuzões falam quando querem matar alguém. Ele podia continuar batendo na porta, mas se tem uma coisa que eu odeio são pessoas que falam alto, pior ainda quando elas decidem gritar. Abri a caixa que ficava debaixo da cama e tirei um pacote. Fui andando até a porta, respirei fundo , olhei para Deus e disse "Estou fazendo as malas, old man". Abri a porta.
Senti aquele líquido quente escorrendo por entre meus dedos, ainda com o cigarro nos lábios eu senti meu peito sair do ritmo duas vezes. De repente as mãos ficaram dormentes, percebi que haviam dentes cravados nos meus dedos. O soco inglês desfigurou o velho maldito e ele começou a berrar mais ainda. Arrastei aquele corpo imundo para dentro do meu lar e então enfiei em sua boca 3 cebolas. Foda-se, foi a primeira coisa que veio na minha cabeça, e também só tinha isso dentro da geladeira.
Bom, em seguida amarrei ao brinco de argola que ele usava na orelha o gatilho de uma velha Calibre 38 de tinha deixado como parte do pagamento pela hospedagem. Quando saí daquele lixo dei mais três passos, percebi que o sol estava mais laranja do que o de costume e então entendi o que estava acontecendo ali: Era meu batismo de fogo. Mais três passos e o som de tiro cortou o ar. Em seguida uma explosão. Explosão? Porra, mais uma vez esqueci a merda da chave do gás ligada. Enfim, de um lado alguém me chamou "Veny!", do outro as velhas decrépitas gritaram , "The Devil!". Eu disse "Amém", e assim recebi meu novo nome.
O deserto era minha próxima parada. Só ele pode me entender.
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