- Eu queria morrer. Mas ainda não sou capaz de finalizar o que começaram.
- Não quero explicar. Não quero ter coragem. Não quero rezar nem acreditar em nenhuma força maior ou menor. Todas essas complicações em troca de uma dose bem servida de felicidade.
- Quando bate o desespero na veia, a gente larga tudo. Corre atrás do vício. Fica cego, violento, inquieto, faminto por alguns segundos alheio a tudo.
- Alguns segundos em que você se torna a parte à parte.
- Vazio. Desgosto. Angústia. Agonia. Sono. Desânimo. Impaciência.
- Causa? Nenhuma. Aparentemente, nenhuma.
- Diagnostico? Nenhum. Aparentemente nenhum.
- Frases positivas, dias ensolarados, sorrisos, esperanças, expectativas, empolgação.
- Vontade de morrer antes que essa felicidade foda mais ainda a minha alma.
- Que alma?
- Usei "alma" para não dizer "mente". Agora já não me importo.
- Não quer melhorar?
- Não.
- Por quê?
- Não me sinto motivado.
- E existe algo que poderia mudar isso?
- Deve existir. O mundo está soterrado de coisas.
- Parece que você complica ainda mais a situação.
- Parece não. Complico mesmo. E não faço questão de explicar nada.
- Então continue assim, sendo seu próprio inimigo.
- Não acredito nessas coisas.
- Você andou tanto pela sua mente que acabou se perdendo.
- Pelo menos assim ninguém mais me procura e o passado não me surpreende em cada esquina. Está difícil de perceber que eu não quero que a vida me guie. Não quero que algo chamado "destino" roube minha autonomia. Acho que é daí que vem a solidão. A maioria das pessoas prefere deixar a vida levá-las. Patético.
- Elas estão felizes, você não.
- O conceito de felicidade é bem relativo. Ainda assim, você está certo.
- Levante!
- Não quero.
- Prossiga!
- Não.
- Então tenha alguma reação! O que você quer, afinal?
- Anular-me.
E assim foi.
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