quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sobre machados e pincéis




Sempre atento. Olha tudo a sua volta, como se esperasse o movimento mais sutil. Ação e reação. Mantém o foco sem deixar que os pés sejam acorrentados na superfície fria da realidade.

"Você é maior do que eu" (desapontado). Eu acho que não, sinceramente.

O que mais me chama a atenção é aquilo que me surpreende, uma vez que espero sempre o pior de qualquer criatura desconhecida. Talvez seja a natureza humana tomando conta de mim, talvez não. E de fato, me surpreendi bastante. Positivamente, vale ressaltar.

De tempos em tempos encontro pelo caminho aquele universo paralelo ao meu, que se mantém em constante explosão/expansão. Fico parado, muitas vezes observando as histórias e imagens que me proporciona. São cores e mais cores, pinceladas sutis que casam tons e sensações. Consigo visualizar as bordas do infinito quando as ideias nascem feito planetas, prontos para serem habitados. Há uma troca de energias tão poderosa que é capaz de gerar vida, ou de manter a minha, que por muitas vezes fica por um fio.

São pincéis que falam mais do que qualquer texto.

"Os artistas são eternos solitários". Eu acho que não, sinceramente. Mas me conforta, mesmo assim.

O que seriam dos corações se não fossem selvagens e indomáveis? Apenas um órgão vital, coisa que de fato é. O real sentido deles está na sua simbologia, no que ele não é, mas representa. Deixá-lo assim tão solto faz com que as emoções de engano ganhem espaço. Lutar, às vezes, se torna inútil. Você pode ter olhos verdes, castanhos, pode morar perto, pode ter feito as melhores promessas, que ainda assim não vai conseguir o que realmente quer. E será que quer? E o que você quer? Nessas horas, a pequena célula revolucionária se torna dura como rocha, e a mente, dona da razão, se transforma em machado, afiado, pronto para cortar o que for preciso. Ainda assim, como já foi dito antes, a semente faz nascer a árvore. Contudo, é preciso tomar cuidado, pois o machado (razão) pode matar o broto (coração). É preciso mantê-los selvagens e indomáveis, para que vivam o que tiver para ser vivido. é isso que aguardo.

"Não quero ser o 'novo problema'". Eu acho que não, sinceramente. Não será.

Enquanto eu escrevo compulsivamente, alguém tira do branco a condição de absoluto. Mancha com cores aquele plano morto. E cada letra que digito insere o preto que contrasta com a sensação de ausência. Estamos próximos, mesmo tão distantes. Assim deixo fluir o que está dentro de mim, sem a censura de quem um dia teve medo de respeitar o que sentia. Nem todo mundo precisa se pronunciar, só quando chegar a hora. E que horas são?

Entre machados e pincéis eu deixo a minha humilde contribuição: as ...

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