quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Seus lábios têm gosto de veneno







Fiz tudo errado e agora estou aqui, sem nenhum ressentimento. Sei que é isso que mais irrita a todos. Foda-se.

Milhões de pessoas espalhadas pelo mundo lutam para fazer parte da maioria. Criam padrões, regras, leis, dogmas, monstros e vários salvadores. Definem valor como dinheiro, honra como genocídio e paz como pretexto para guerra. Excluem as minorias e estas apenas esperam a chance de virar o jogo. No fundo, serão tão assassinas quanto seus algozes. E eu assisto a tudo enquanto sobrevivo aos dias comuns e ridículos. A perfeita reprodução da falta de criatividade pregada por uma estrutura social mecânica e pseudo-democrática.

Os mestres são covardes, os alunos arrogantes. Os governantes desconhecem a ética e os religiosos ainda lutam contra os próprios demônios, sem deixar o moralismo de lado. O que é O Bem? O que é O Mal? Aprovação e reprovação. Yin e Yang. O contraste fundamental entre as cores.

Não há fórmula definida. Ainda bem.

No fundo, o medo é quem condiciona as ações humanas. Até o mais valente tem medo. Medo de demonstrar suas fraquezas. Tão inseguro, tão frágil. Tsc Tsc Tsc. Nem Deus, nem masterplan vão te salvar, acredite.

O veneno. Substância tóxica que resulta em diversos efeitos negativos no corpo. Paralisa, sufoca, queima, corrói, faz sangrar sem parar, explode o coração e esfaqueia o estômago. Uma gota e está feito. Admiro.

Ele nada mais é do que o sangue humano. Vermelho, pode causar todos esses males e ir além: é capaz de se reproduzir em larga escala. Ele carrega os registros de todas as nossas impurezas. Todos os pecados. Lamento, mas ninguém está livre do próprio veneno.

O amor é o mais poderoso deles. Sem uma receita precisa, ele domina a alma e controla o corpo. Você passa a gaguejar, seu coração bate mais rápido, fica ofegante, o estômago gela, os olhos não conseguem manter o foco, a boca fica seca e a pele queima. Viu? Sempre falamos de veneno. No final, sabemos que ele prejudica. Causa ilusões, delírios vindos da febre maldita, conhecida nos cartões de Dia dos Namorados como "paixão". Febre, é isso que é. I've Got to say.

E o antídoto? Sempre partirá do próprio veneno. A cura sempre estará em si mesmo. Eu sou a cura para o meu próprio veneno e você é a do seu. Quando seus lábios envenenados tocam os meus, ambas as toxinas se encontram. Qual a saída? Aproveitar os últimos momentos de vida. E quando você sussurrar nos meus ouvidos? Todos os pensamentos vão morrer como flores secas.

Um dia, tem que acabar.

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