domingo, 28 de fevereiro de 2010
The Sorrow and The Frozen Words
(...)
Ele voltou. O frio que eu tanto esperei finalmente voltou. Olhando para esta parede cheia de quadros, e logo abaixo dela a lareira, não pude deixar de lembrar das tardes de longas conversas e reflexões. Um bom café e alguns biscoitos. Ao olhar pela janela podia ver o branco infinito que envolvia a terra, mas dentro de nossa casa um tom de marrom esquentava nossos corpos. Uma boa música, uma boa vida.
Naquele inverno eu achei que poderíamos encontrar certa paz. As pessoas geralmente não ficam nessa região quando o frio chega. Aas pessoas sempre saem em busca de um calor qualquer.Não sabem lidar com o frio, pois tem medo de que ele as traga a solidão. Com essa migração, as ruas ficavam vazias e ir comprar alimento no mercado mais próximo era uma aventura incrivel. Cada passo que eu dava olhava para os meus velhos sapatos, eles estavam cansados, mas eu me sentia muito feliz ao vê-los passar por poças d'água. As árvores dançavam de maneira sutil acompanhando o ritmo do vento que cortava a pele. De mãos dadas tudo parecia mais fácil, talvez por isso nem percebíamos o frio. Você me olhava sem dizer nada e eu sempre falando durante todo o caminho, lembro-me de uma vez em que você fitou meus olhos e em seguida disse que a minha capacidade de criar palavras era como um combustível para a sua vida. Me chamava de feiticeiro do inverno, aquele que encantava com versos e conseguia das pessoas tudo o que queria apenas com estrofes, com frases ... Era uma vida simples.
Eu olhava sua pele, seu jeito de chegar e de sair, fazia mil poesias sobre você. Mas nunca consegui achar uma palavra que te definisse. Na verdade, eu sempre temi achar algo que acabasse com o mistério fantástico que seu silêncio era para mim. Os dias de inverno sempre foram os melhores. Quando era criança eu saia sempre que esfriava, gostava de olhar as ruas sem gente, parecia que eu estava andando por um grande cenário feito apenas para exposição. Tudo ficava mais claro, mais detalhado, eu conseguia ouvir meus pensamentos, meus passos, conseguia guiar o meu olhar por diversos locais, passava por uma parede em branco e mesmo assim via um mundo por trás do inexistente. Quando chegava a noite as luzes da cidade pareciam aquecer meu coração. Café, folhas de caderno, caneta ponta fina. Nem todos os meus dias de frio foram bons, nem tudo era tão sublime assim.
A solidão também pede abrigo quando a temperatura cai. Saber lidar com ela é fundamental. Eu optava pelas lembranças, as boas que mornavam o coração com uma força divina. Lembrava da infância, de correr e cair , de sorrir e chorar no mesmo momento, da inquietação ao esperar uma resposta , da satisfação em ouvir algo positivo, da força que tive que ter quando ouvi algo negativo. Lembro dos jardins e a garoa , lembro dos passos depois da escola e do vento frio mais uma vez passando por mim. Lembro dos longos e demorados abraços e das idas à floresta. Lembro daquela velha jaqueta jeans e de quando te encontrei. A solidão parece uma vírgula perto disso, apenas divide um período e demarca o começo de outro. Talvez o verbo fosse "viver".
Lembro que os dias frios são os meus dias, os nossos dias. Volto à vida todas as vezes que olho pela janela e te vejo naquele imenso céu branco e sinto mais uma vez o frio envolver meu corpo. Sinto você em mim, e hoje te defino com uma palavra: Soulmate.
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