terça-feira, 23 de agosto de 2011

O fio vermelho

No final da noite sou eu e uma dose. Nada mais.

Era uma mente inquieta e insatisfeita. Deslocada no tempo e no espaço. Aos sete anos, sentia um gosto amargo que não vinha da comida. Não tinha noção do tamanho do mundo e nem ao menos sabia que as pessoas iriam morrer. Achava que conhecia o amor e que ele se chamava "Fabiana".

Ainda que o corpo fosse novo, a alma era velha e cansada. Escrevia declarações em pedações de papel, sempre com letras invertidas ou pequenas. O primeiro "eu te amo" foi ilegível. Imperceptível também.

Aonde você está agora, garotinho? No fundo deste copo? Aquecido nesse coração gasto e desconfiado? Cadê você?

Porre nenhum é pior do que aquele frio na barriga que vem sempre que você vê o seu grande amor com outra pessoa. Frio nenhum fere mais a pele do que aquele que surge no instante em que você ouve o "adeus" definitivo. Nunca senti uma dor tão grande no peito, como daquela vez em que presenciei o beijo que não tocava os meus lábios.

Então que se foda você e suas convicções. Hoje, fiz questão de ser "demasiado eu mesmo".

Nenhum comentário: