Ficou tudo nos discos. Cada faixa revive um pedaço do que fui e ainda insisto em ser. A música substituiu o sangue. O álcool substitui a razão. Você substitui a si mesmo. Anula-se diante de mim.
Trinta vocalistas, 60 guitarras, 30 bateristas, poucos baixistas. Escravos dos meus devaneios e nostalgia. Rezam todos os dias para que eu os escolha. São apaixonados pelos meus ouvidos. Poucos atingem o coração. Normal, hoje em dia é assim em quase todos os (des)casos.
Idioma é detalhe. Letras pouco importam. Sempre me apropriei das melodias. São elas que dialogam comigo. O que o compositor tem a dizer pouco me importa. Egocentrismo pede licença. Egocentrismo pouco se importa com direitos autorais. Copy my sins, you have the rights.
Agora eu sei por que Deus não destrói logo toda essa porra. Em cada humano ele vê a sua própria droga. A sua catarse. A sua chance de errar sem ser julgado. A sua chance de sorrir mesmo com tantos problemas. Deus é viciado nos humanos. Sim, nós somos a droga mais potente. Matamos Deus lentamente.
domingo, 29 de maio de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
This time, no love is what I need
No love. That's what I need. That's what I asked for the first God I saw. Can you imagine yourself waking up every fucking day and praying not to fall in love? No, You can't. The World celebrates your relationship while it spits on my face for being such an odd guy. This time no love is what I need, you see?
Turning up the sound is a good way to suffocate the heart beats. Silence the beats and try just do listen your own thoughts. It sounds perfect, right? Then wait until your whole family sleep to open that bottle. Another way to suffocate the junk of the heart. This time no love is what I need.
But I want you to want mine.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
O jornalismo que ninguém lê
Sempre que começava um novo semestre, algum professor arriscava a mesma pergunta: “Por que escolheu o jornalismo?”. Respostas clichês à parte, o que faltava nas explicações era aquela sinceridade ousada e espontânea. De aluno em aluno, o professor se desinteressava pelo o que era dito, talvez por também não saber responder a tal pergunta. Talvez, por arrependimento.
Ao longo dos anos, o fantasma que perseguia esta questão assombrou meus pensamentos, meus textos e minhas entrevistas. Minha mãe costumava dizer que eu era uma criança muito quieta e pensativa. Alguns familiares arriscavam autismo. Meu pai nunca dizia nada. Meu irmão me achava estranho. Ainda assim, o amor permaneceu. Nos momentos que passei abraçado à minha essência, tecia histórias e construía possibilidades. O mundo não era desinteressante e eu não odiava as pessoas. Apenas gostava de criar meus próprios roteiros, ainda que não soubesse o que significava essa palavra. Escrevia sem saber escrever.
Anos e anos acumulando folhas e o jornalismo não surgiu como único caminho. Pensei em fazer biologia, psicologia e pediatria – para poder me vingar dos filhos dos médicos que me receitavam injeções. Entrei no curso sem ter uma resposta ensaiada. Eu gostava de escrever. Hoje percebo que isso não tem muito a ver com minha graduação. O meu “escrever” ainda desconhece muitas palavras e regras seguidas pelos grandes jornalistas. É um “escrever” analfabeto e feliz. Mas toda felicidade dura pouco.
Aprender é um processo lento e delicado. Uma relação complexa onde os sentimentos se rompem com uma simples vírgula. Formatar minha escrita, padronizar minha introdução e diminuir minhas frases foi como domar um cavalo. Tirar um peixe dourado do mar e colocá-lo no aquário da sala. Dar um jantar para os amigos jornalistas e exibir o troféu roubado de Poseidon. Resisti ao máximo e consegui seguir a lógica coorporativa. O verbo “conseguir” não veio seguido do sabor da vitória. Consegui me trair. Entreguei meus cavalos a fazendeiros frustrados e meus peixes dourados viraram notas no boletim. Números quebrados. Nada mais característico.
No último dia 16 de maio foi o “Dia do Gari”. Algum jornal ou site deve ter dado uma nota sobre. Pegam a forma básica de algo publicado no ano passado - ou no século passado - e enaltecem, com muita falsidade, a profissão sem respeitar o profissional. Muito mais do que o “Dia do Gari”, a data também deveria permitir que o João falasse dos seus sonhos, que a Rita dissesse o que pensa sobre as ruas, que o José, tão conhecido por todos, falasse um pouco sobre música, futebol ou qualquer coisa que compensasse a dura jornada de trabalho. Mas esse é o jornalismo que ninguém lê, ainda que muitos escrevam.
Não posso terminar esse texto sem citar o livro que me fez devolver ao mar os peixes roubados do meu oceano de ideias. “A vida que ninguém vê”, da jornalista Eliane Brum, explora as áreas mais temidas do jornalismo. Com simplicidade e interesse verdadeiro – não aquele que quer saber apenas de prestígio e elogio por parte dos colegas de trabalho – ela tece uma colcha de histórias onde as diferenças sociais são detalhes. A vida que não se vê é justamente aquela que, por um dia, mês ou ano, vivemos ou viveremos. São fragmentos do desconhecido que amedrontam nossas casas e escritórios. Desconhecer o que vem depois ou o que pode acontecer com nossos destinos. Palavras de efeito defeituoso ou ambíguo. Que não percam seu valor, mas ao menos se permitam cair em contradição. Conte ao povo algo sobre o povo, alguma coisa desse tipo.
O jornalismo que ninguém lê é justamente o que me encanta. É o que carrego nas mãos que ainda estranham muitas palavras. É um jornalismo que nasce da essência tímida e inquieta. Ele quer ouvir. Quer saber. Conhecer. E não ser egoísta. Quer contar. Quer ser compreendido e não apenas lido. Minha avó não sabia ler com maestria. Mas escreveu com traços invisíveis a única palavra que lhe deu força durante toda a vida: amor.
Ao longo dos anos, o fantasma que perseguia esta questão assombrou meus pensamentos, meus textos e minhas entrevistas. Minha mãe costumava dizer que eu era uma criança muito quieta e pensativa. Alguns familiares arriscavam autismo. Meu pai nunca dizia nada. Meu irmão me achava estranho. Ainda assim, o amor permaneceu. Nos momentos que passei abraçado à minha essência, tecia histórias e construía possibilidades. O mundo não era desinteressante e eu não odiava as pessoas. Apenas gostava de criar meus próprios roteiros, ainda que não soubesse o que significava essa palavra. Escrevia sem saber escrever.
Anos e anos acumulando folhas e o jornalismo não surgiu como único caminho. Pensei em fazer biologia, psicologia e pediatria – para poder me vingar dos filhos dos médicos que me receitavam injeções. Entrei no curso sem ter uma resposta ensaiada. Eu gostava de escrever. Hoje percebo que isso não tem muito a ver com minha graduação. O meu “escrever” ainda desconhece muitas palavras e regras seguidas pelos grandes jornalistas. É um “escrever” analfabeto e feliz. Mas toda felicidade dura pouco.
Aprender é um processo lento e delicado. Uma relação complexa onde os sentimentos se rompem com uma simples vírgula. Formatar minha escrita, padronizar minha introdução e diminuir minhas frases foi como domar um cavalo. Tirar um peixe dourado do mar e colocá-lo no aquário da sala. Dar um jantar para os amigos jornalistas e exibir o troféu roubado de Poseidon. Resisti ao máximo e consegui seguir a lógica coorporativa. O verbo “conseguir” não veio seguido do sabor da vitória. Consegui me trair. Entreguei meus cavalos a fazendeiros frustrados e meus peixes dourados viraram notas no boletim. Números quebrados. Nada mais característico.
No último dia 16 de maio foi o “Dia do Gari”. Algum jornal ou site deve ter dado uma nota sobre. Pegam a forma básica de algo publicado no ano passado - ou no século passado - e enaltecem, com muita falsidade, a profissão sem respeitar o profissional. Muito mais do que o “Dia do Gari”, a data também deveria permitir que o João falasse dos seus sonhos, que a Rita dissesse o que pensa sobre as ruas, que o José, tão conhecido por todos, falasse um pouco sobre música, futebol ou qualquer coisa que compensasse a dura jornada de trabalho. Mas esse é o jornalismo que ninguém lê, ainda que muitos escrevam.
Não posso terminar esse texto sem citar o livro que me fez devolver ao mar os peixes roubados do meu oceano de ideias. “A vida que ninguém vê”, da jornalista Eliane Brum, explora as áreas mais temidas do jornalismo. Com simplicidade e interesse verdadeiro – não aquele que quer saber apenas de prestígio e elogio por parte dos colegas de trabalho – ela tece uma colcha de histórias onde as diferenças sociais são detalhes. A vida que não se vê é justamente aquela que, por um dia, mês ou ano, vivemos ou viveremos. São fragmentos do desconhecido que amedrontam nossas casas e escritórios. Desconhecer o que vem depois ou o que pode acontecer com nossos destinos. Palavras de efeito defeituoso ou ambíguo. Que não percam seu valor, mas ao menos se permitam cair em contradição. Conte ao povo algo sobre o povo, alguma coisa desse tipo.
O jornalismo que ninguém lê é justamente o que me encanta. É o que carrego nas mãos que ainda estranham muitas palavras. É um jornalismo que nasce da essência tímida e inquieta. Ele quer ouvir. Quer saber. Conhecer. E não ser egoísta. Quer contar. Quer ser compreendido e não apenas lido. Minha avó não sabia ler com maestria. Mas escreveu com traços invisíveis a única palavra que lhe deu força durante toda a vida: amor.
domingo, 15 de maio de 2011
Ser
"A casa precisava mesmo de uma reforma. Os quadros com desenhos sem sentido não cobriam mais os buracos e manchas das paredes. Também foi uma forma que encontramos de fazer algo juntos. O tempo anda curto e nossos humores também. Dois segundos e eles se vão. Colocar roupas velhas, prender o cabelo, escolher o melhor pincel e perceber que ele não vai te servir de nada. Ser um casal, simples assim.
Observei seu traço leve. A trilha que fez com as mãos e que, com toda a graça de alguém que não nasceu para as artes, ousou ao atravessar de um canto para outro. Foi muito parecido com o sorriso que meu deu, quando nos conhecemos. Ousadia que me conquistou, vale admitir nesse momento. Não fiquei para trás. Persegui seus movimentos e penetrei na essência da sua leveza. Como você me disse uma vez, "Foi assim que me conquistou, como um cego, conseguiu me ver como de fato sou". Ao trabalho. Completamos a primeira parede em silêncio, mas com pequenas gotas de tinta espirrando no braço um do outro. Tocávamos-nos assim. Ser discreto sem esqueCER como se diz "estou aqui, viu?".
Durante horas, me lembrei de como tudo deu tão certo, a ponto de ter se tornado insuportável. Você decifrou meu silêncio desde o começo, uma vez que era o olhar quem ditava as regras. Não se importava com os dias em que eu optava por dizer poucas palavras, desde que no meio delas estivesse alguma que expressasse o amor que sentia. Interpretava meu corpo e dançava com suas necessidades. De fato, você tem o dom. Enquanto metade de uma nova parede era preenchida com cor, eu sorria internamente e até arriscaria uma lágrima, se não fosse tão "eu". Dessa vez era você quem me observava. Ser eu mesmo, só com você. Ser nós.
Fui buscar mais tinta e percebi que você voltava da cozinha com algo escondido dentro de uma sacola. Acreditei que fosse algo para comer, não me importei. No caminho para o quarto, vi nossas fotos pelo corredor. Eram como flores num jardim. As memórias perfumadas seduziam minha mente e a boca salivava com o néctar dos frutos que nosso amor colheu. Lembrei dos longos invernos, onde tudo parecia morrer e secar. Toda vez que o fim se aproximava, nós buscávamos o último graveto no quintal e com ele fazíamos uma pequena fogueira. Aquecíamos nossos corações. Com mais uma galão de tinta, retornei para a sala.
Você segurava um pincel diferente, molhado com tinta vermelha. Caminhou na minha direção e sem dizer uma palavra molhou minha mão com o pigmento da paixão. Como se caminhássemos rumo ao altar, você segurou nossas mãos juntas e estampou ambas as palmas naquele espaço infinito. Casamos ali. Ser um só, no momento em que eu mais precisava. O vermelho dali era mais forte que o sangue.
Se for para ser, tem que ser mais forte do que o sangue.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Eu te sinto todos os dias mesmo sem te conhecer. É assim, não controlo.
Talvez esta seja a motivação para levantar e enfrentar a rotina. Lidar com o desconhecido e imprevisível é flertar com a possibilidade de te encontrar. Às vezes, olho para certas pessoas e quase sinto você. Logo depois o sentimento se vai e então percebo que estava errado.
Como é possível viver assim? Eu tenho um forte sentimento que condicionado meu humor, minhas atividades e até mesmo as relações que estão ao meu alcance. Ainda assim, opto por você, espero por alguém que nem sei se existe de fato. Gosto de imaginar nós dois e desenho na minha mente seu sorriso.
O sentimento sem nome me envolve a cada filme, o que me faz colher de cada personagem um pouco de você e muito de nós. Só o mar poderia nos separar, nem o tempo, nem o espaço. Só o mar.
Quantas cartas já te escrevi? Quantas vezes sonhei com seu abraço? E acordei numa realidade penosa e desinteressante, onde as pessoas são coadjuvantes na nossa história. Eles nunca vão entender. Eu sinto e respeito isso. Sempre senti tanta coisa, em silêncio, e respeitei cada fase.
Você está nas músicas.
Você está nas letras.
Você está nos meus textos.
Você está nos meus sonhos.
Você está no cheiro da chuva.
Você está em mim,
Mas eu ainda não te encontrei. Não estou em você.
E eu já não aguento mais esperar, mas espero. "Por você, eu faria mil vezes".
(...)
Me olhava profundamente, como se analisasse minha essência, na busca por uma explicação. As ondas batiam em nossos pés e uma brisa leve e morna acariciava meu pescoço. O castanho dos teus olhos refletia o alaranjado do pôr-do-sol e eu me perdia naquele horizonte. Você é meu horizonte. Dois passos mais perto de você são também dois passos de distância entre nós. Isso nos faz viver e sempre buscar o outro. Somos intocáveis e dançamos abraçados sem nos importarmos com isso. O toque invisível de aquece a alma e o corpo.
Pegou na minha mão e colocou-a em seu coração. A areia parecia nos aconchegar e assim ficamos. Não havia filme melhor do que o exibido pelas nuvens. O céu começava a escurecer e as primeiras estrelas apareciam. Eu já não sabia mais se queria voltar e você era o motivo da indecisão.
Dormi protegido pelo seu amor. Acariciava meus cabelos e não deixava que minha alma se desprendesse daquele momento. Eu me saciava nos seus lábios e sentia no abraço a segurança da eternidade. Pra que voltar?
Estas palavras parecem exprimir uma felicidade perfeita, mas não é bem assim. Nossos defeitos garantiam a manutenção do entendimento, da compaixão e da capacidade de ceder. Éramos cúmplices nos momentos negativos e sabíamos que dor maior do que a da mentira não existia. Se eu ouvisse um "não" ao invés do "sim", me recolhia por algumas horas, refletia e depois voltava para encontrar aquele olhar que guiava meu coração. Quando você esperava de mim o amor maior e tinha em troca apenas minha presença - em silêncio - compreendia que eu estava num momento de individualidade e logo voltaria. Deitava sua cabeça sobre o meu peito e ouvia do meu coração as mais belas declarações.
Amor.
(...)
Talvez esta seja a motivação para levantar e enfrentar a rotina. Lidar com o desconhecido e imprevisível é flertar com a possibilidade de te encontrar. Às vezes, olho para certas pessoas e quase sinto você. Logo depois o sentimento se vai e então percebo que estava errado.
Como é possível viver assim? Eu tenho um forte sentimento que condicionado meu humor, minhas atividades e até mesmo as relações que estão ao meu alcance. Ainda assim, opto por você, espero por alguém que nem sei se existe de fato. Gosto de imaginar nós dois e desenho na minha mente seu sorriso.
O sentimento sem nome me envolve a cada filme, o que me faz colher de cada personagem um pouco de você e muito de nós. Só o mar poderia nos separar, nem o tempo, nem o espaço. Só o mar.
Quantas cartas já te escrevi? Quantas vezes sonhei com seu abraço? E acordei numa realidade penosa e desinteressante, onde as pessoas são coadjuvantes na nossa história. Eles nunca vão entender. Eu sinto e respeito isso. Sempre senti tanta coisa, em silêncio, e respeitei cada fase.
Você está nas músicas.
Você está nas letras.
Você está nos meus textos.
Você está nos meus sonhos.
Você está no cheiro da chuva.
Você está em mim,
Mas eu ainda não te encontrei. Não estou em você.
E eu já não aguento mais esperar, mas espero. "Por você, eu faria mil vezes".
(...)
Me olhava profundamente, como se analisasse minha essência, na busca por uma explicação. As ondas batiam em nossos pés e uma brisa leve e morna acariciava meu pescoço. O castanho dos teus olhos refletia o alaranjado do pôr-do-sol e eu me perdia naquele horizonte. Você é meu horizonte. Dois passos mais perto de você são também dois passos de distância entre nós. Isso nos faz viver e sempre buscar o outro. Somos intocáveis e dançamos abraçados sem nos importarmos com isso. O toque invisível de aquece a alma e o corpo.
Pegou na minha mão e colocou-a em seu coração. A areia parecia nos aconchegar e assim ficamos. Não havia filme melhor do que o exibido pelas nuvens. O céu começava a escurecer e as primeiras estrelas apareciam. Eu já não sabia mais se queria voltar e você era o motivo da indecisão.
Dormi protegido pelo seu amor. Acariciava meus cabelos e não deixava que minha alma se desprendesse daquele momento. Eu me saciava nos seus lábios e sentia no abraço a segurança da eternidade. Pra que voltar?
Estas palavras parecem exprimir uma felicidade perfeita, mas não é bem assim. Nossos defeitos garantiam a manutenção do entendimento, da compaixão e da capacidade de ceder. Éramos cúmplices nos momentos negativos e sabíamos que dor maior do que a da mentira não existia. Se eu ouvisse um "não" ao invés do "sim", me recolhia por algumas horas, refletia e depois voltava para encontrar aquele olhar que guiava meu coração. Quando você esperava de mim o amor maior e tinha em troca apenas minha presença - em silêncio - compreendia que eu estava num momento de individualidade e logo voltaria. Deitava sua cabeça sobre o meu peito e ouvia do meu coração as mais belas declarações.
Amor.
(...)
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