segunda-feira, 26 de abril de 2010

Nossos corações ainda estão em chamas

Não dá para entender por completo. Há um esforço mútuo para descrever as razões que levam algumas pessoas a evitar a felicidade, a deixar de viver a simplicidade dos versos improvisados e envergonhados. Eu poderia passar meses escrevendo sobre todos os sentimentos sem nome, e ainda assim só teria em minhas mãos o seu medo. A sua incerteza.

Interlúdio (à deriva)

No silêncio que precede o amanhecer me vi despertando naquele vilarejo, vazio. O cheiro de café animou meu corpo, o coração começou a bater mais rápido, menos sonolento. Parece que eu havia dormido por séculos. Tudo estava muito barulhento, todas as cores estavam estouradas e a luz me cegava. Percebi que estava só, e que talvez o tempo dormindo só tenha servido mesmo para me recuperar de antigas feridas. Eu vendi meus dias em troca do esquecimento. Tolice, cá estou eu lembrando dos detalhes.

Do que me adiantam as fotos se busco nelas os seus movimentos? De que me adianta ouvir nossas músicas se não tem sua voz misturada às vozes dos vocalistas? E o perfume de canela que não vem acompanhado do abraço demorado? Eu nunca fui de falar muito, é da minha natureza, mas durante todo esse tempo eu busquei garantir que nada te deixasse triste. Sem você ver eu mudei parte do mundo só para que pudéssemos ter um local só nosso.

E hoje eu estou nele, neste vilarejo. Sozinho. Mas vivo, com o coração em chamas. E você? Me dê a chance de ouvir a resposta olhando nos seus olhos.

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