segunda-feira, 14 de outubro de 2019

É amor, o próprio

Este caminho desconhecido por onde passo tá me custando mais que saúde mental. É físico também, tipo aquele calor gelado, aquele suor que refresca o fogo sobre e sob a pele. Falei pra você dia desses aí que queria tudo, do começo ao fim, do brega ao sofisticado, do comum ao único. Direito meu, tá ligado? Nunca cheguei tão perto disso que geral sempre chamou de amor e agora que tô, dá licença aqui. Vem você, comigo de leve, mostra como que faz que eu faço, por nós dois, mas por mim, principalmente. Não é egoísmo, não, certo?

É amor, o próprio, o certo.

Aquele papo de se complementar, metade do outro, todo nosso, tudo nosso, um no outro, os dois ali, deitados, deixando o tempo livre pra passar... Aquele papo faz todo sentido memo, porque quando você vem de bicão, eu tô suavinho feito sopro no joelho ralado. Não achei que fosse assim, afinal, nunca fui de chaleirar ninguém, mas se eu te tratar como todo mundo, você não será o lugar onde quero ficar - só mais um pico pra colar, fazer a social, dar um salve e nunca mais responder os "e aí, vamo se reencontrar?"

Daí eu te trato de um jeito especial, pra você sempre ter vontade de voltar. Tiro aquele teco de papel, passo a língua de leve e deixo no rastro da saliva a letra pra tu retornar. Endereço é fita séria, porque traça o caminho até onde a gente chama de lar e guarda o doce lá, no pote onde tem que ficar na ponte dos pés pra pegar. Difícil, viu? Por isso que pra chegar tem que saber chegar. Então fica de vez, vai... meu eterno retorno.

Quando a conversa cai no mais do mesmo, eu troco o disco e te mando música nova. Tranquilo, ouço você reclamar de tudo, finjo que não tenho o que dizer pra te fazer enxergar que é tudo fase, que o vai e vem do destino só não é mais evidente que a vontade que eu tenho de beijar sua boca e esparramar os lábios pela cara toda enquanto você fica sem saber se desiste e deixa lambuzar ou insiste e continua a lamentar. Finjo, mas é sem maldade. No fundo, eu gosto de te ver desenrolar comigo sobre os problemas que te atormentam. É nessas horas que eu me sinto remédio, carinho, cuidado, solução pro dia de cão, aquele cafuné de virar as ideias feito lata.

Eu te quero bem, meu bem, mesmo quando tá ruim aí, e não forço a mudar o humor, não. Só te mostro que quando tudo melhorar, já sabe onde comemorar. Se ficar mais pesado, corre aqui e desaba. Pega nada, você já ficou caidinho por mim uma vez, agora é só fechar os olhos de mel que eu vou te segurar. Lá de cima a gente brilha mais forte e você fica tão bonito quando tá altinho, pique estelar. Boto fé que logo mais é a gente junto, dançando de testa colada, seguindo o ritmo um do outro, sem medo de se estatelar. 

"Quem diria, hein? Você tá mudado, hein? Ele mexeu contigo mesmo, hein? Tá pego, hein?

É aquele bonito que tava na foto com você?"

É quente, o próprio, o amor.

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