segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Os cantos


Mantenha-me. Guarde um lugar para mim onde só você consiga chegar. Estarei no canto que ninguém nunca olhou. Um lugar perdido na realidade que, sem se mover, consegue te levar até mim.

Eu estarei lá, no detalhe que consegue chamar sua atenção. Assim, poderá me encontrar, sempre que quiser, e recordar as cores que tingiram a trilha sonora pros nossos sentimentos. Azul, rosa e laranja, borrados no céu entardecido, como se tivessem sido pintadas a dedo no céu. No canto do seu peito eu alcanço o teto onde brilham as lembranças que jamais desaparecerão. Eu moro em você porque você me fez abrigo, simples assim.

Um canto pra mim.

Quero que continue me sentindo. Toda vez que o calor suave do amanhecer tocar seu rosto, lembre-se do meu toque. A cada som que fizer seu sangue vibrar ritmado e devolver ao corpo sua eletricidade, feche os olhos e imagine nossas cores. Deixe-me tocar, dia e noite.

Azul rosa e laranja. Somos nós, dançando, misturados, tom sobre tom, escorrendo pelos cantos da tela, para sempre. Eu jamais te esquecerei. Você é música. É a cor pras minhas músicas favoritas.

Estarei nos cantos que nunca ninguém cantou. Só você.

Eu jamais te esquecerei.

Um canto pra nós.

(Em memória àquele cujo silêncio se fazia canção). 

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