Eu... prefiro cair pelos cantos
do que me render ao ouvido do outro
sempre atento e eu, nunca mudo,
pronto pra me deixar entrar e não sair
da sua mente. Aquela que está bem
que está saudável e que vai me dizer
como arrancar o caroço em minha mente.
O pedaço duro que não serve de semente.
Mesmo com rima simples eu
sei que ele não vai entender.
Chego, entro, sento, olho e fico
parado diante do outro, tentando dizer
mas calado.
Travado, não consigo me mexer,
é estranho, é forçado, mas não faz tremer
nem suar, nem nada.
Tá tudo bem? Tá. Não parece.
E se for falar, vai soltar à mesa o que não
faz sentido algum. No final das contas, quando
fechar o bar, o conselho será: você precisa procurar ajuda.
Sentei por quê? Aceitei por quê? Existem conversas que
só existem porque não são anunciadas.
Elas simplesmente surgem do entendimento a
respeito do que está em jogo e se entregam
à competição de narrativas.
Se eu te contar o que estou sentindo, você vai me dizer
o que eu gostaria de ouvir?
Se sim, então fale logo.
Se não, dá licença.
Lá dentro as frases gritam. Elas berram o
que eu deveria dizer pra gente se entender.
Mas não consigo. Parece que engasgo e
fica tudo preso entre a garganta e a nunca.
Posso bater no peito que não adianta.
Cavuco, acaricio, mas nada, nada sai. E aos poucos
eu o vejo desaparecer de mim. Ele desiste de
tentar me resgatar.
Ele cansa de tentar conversar e
me convencer a me ajudar.
Quer sentimentos leves, quer um toque macio
quer aconchego no sorriso constante da outra
E eu só sei estar vazio.
Ele simplesmente some.
Eu, finalmente,
começo a me sentir
como um peso.
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