terça-feira, 2 de setembro de 2014

Pés descalços na terra

A barra de seu vestido não chegava ao solo. Mas suas solas sim.

Olhava para baixo apreciando o par de pés descalços na terra, enraizando-se naquela superfície gelada e rígida. Tal qual olhar de mãe. Ambas se observavam, garota e mãe terra. Semente e semeadora. 

Ela não precisava mais correr. Havia alcançado a si mesma na crosta que acalentava as erupções em seu peito. O amor em magma escorria lentamente e não mais se petrificava como as palavras de adeus que nunca jorraram da boca do outro. Ela e a terra se entendiam silenciosamente. Tremiam juntas.  

Nenhum passo. Fincada, ficou. Bateu o pé esquerdo e disse para ninguém: sortuda são as árvores que caminham só em pensamento mesmo.  

Nenhum comentário: