segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Conversas mudas

Estava fumando e olhando para o nada, aqui da janela do quarto. Aproximei, sem querer, o cigarro dos ouvidos e então escutei aquele som de algo queimando. Mas era baixo, discreto, lento... Confortável e incessante.

Batizei para mim mesmo de "barulho da morte". Pode soar piegas, "barulho da morte", mas assim como as conchas guardam um bocejo do mar, esse som me lembrou o assoviar da finitude. Acabou o barulho quando acabou o cigarro.

Samael amaldiçoou a terra - e toda a vida nela - com o barulho. Ele, que no paraíso era maestro, disse que nunca o humano ia conseguir ficar totalmente em silêncio. Sempre haveria um ruído. Só a morte calaria a vida.

Enfim... O cigarro se cala e nos cala.

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