Aprendi que respeito faz apertar os punhos, cerrar o lábios
e não explodir com quem escorre safadeza pela ponta dos dedos;
Aprendi que só o lugar no cantinho do banco é que é seguro
mesmo, o resto só te deixa vulnerável;
Aprendi que esperança não te leva a lugar nenhum, basta
olhar no olho do motorista, mais morto que o gargalo do escapamento do busão;
Aprendi que a catraca só deixa passar quem tá com bala na
agulha e moeda no bolso e que saco vazio não para em pé, ele tem que deitar,
arrastar o corpo no chão e torcer pra chegar do outro lado do corredor sem
mancha de pé na cara;
Aprendi que bom humor vai queimando ao longo do caminho
feito gasolina barata, dura pouco, morre a cada ponto, a cada parada e no final
do dia se transforma em sono e cara grudada na janela;
Aprendi que mochila pesada entorta as costas e arreia os
ombros, mas também serve de remédio pra falta de gentileza, vira empatia da tia
que sabe o quão cansado tá meu corpo magro e oferece seu colo pra levar metade
do meu dia corrido;
Aprendi que sinal pra descer é alívio e que andar pelas
calçadas vale bem mais do que horas dentro de uma lata, balançando feito boi;
Aprendi que fone de ouvido, livro e graffiti na parede das
ruas são meus melhores amigos;
Aprendi que ponto final é começo de viagem pra quem tá longe
do trabalho e mais longe ainda de realizar os sonhos; até realiza, mas precisa
de muito tempo e se vacilar passa do terminal; termina na calçada;
Aprendi que a condução é condição e quem não tem opção e vai...
Sem nem saber se amanhã o bilhete vai passar, se o busão num vai atrasar, mas
que a certeza não vai mudar: tem que trabalhar/estudar/caminhar.
Boa viagem.
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