quinta-feira, 23 de junho de 2011

Esta é a hora em que...

Eu abandono a mim mesmo e faço questão de redesenhar o mundo sem os traços de Deus. É quando reclamo meu direito de herdeiro do paraíso e guardo um lugar para nós. O momento exato em que consigo enxergar o que há de semelhante entre o céu e o inferno.

Faço um mar só para nós, onde as conchas cantam todas as canções que fazem nossos corações selvagens pulsarem... Nele, busco a profundidade do "sentir",então sem nome, faço o coração adoecer e o ensino a respeitar a paciência. No instante em que o infinito foi finito e no canto das extremidades não regulares foi regular, encontrei seu sorriso solitário e o fiz companhia. Eram dois sorrisos buscando um terceiro rosto para cortar. Eu sempre apostei na nossa falta de linearidade. Quase como um corte na face da modelo perfeita.

Empatia te faz entender. Se parece tudo muito confuso, use-a. Ponha-se no meu lugar e então faça questão de compreender. É como rebobinar uma fita dez vezes para decorar todas as falas... Sabe?

O corpo mal educado dança conforme a sua própria música. Canta a letra que lhe convém e então seduz outros corpos incapazes de trilhar o que lhes foi prescrito. Confortável mesmo é deitar na cama do outro, desarrumá-la e então acordar como se nada tivesse acontecido. Confortável é negar o beijo como se ele não tivesse acontecido. Mas veja, minhas palavras não entregam aquele momento único que vivemos. Quem o abriga é a vaga memória do dia no qual o corpo e a mente finalmente encontraram uma trégua. O que importa mesmo é saber que você estava lá. E que nossas almas se conectaram.

Quantas vezes tomei a guerra como filha única e matei qualquer pretendente que tentasse mudar a história? Ou melhor, a nossa história. Como pai, fui cego e manipulado. Preferi honrar algo invisível do que manter em vigor o que me era tangível. Todas as religiões me perdoaram, afinal sou pai. Mereço o sol. Mereço o direito de errar e não pedir desculpas. Meus filhos nunca ouviram isso e me orgulho de tê-los educado assim. Só a lua conhece a verdade.

Enquanto o dia encanta as ações, somente à noite é que encontramos espaço para exercer o lado "humano". Se os dedos dançam através das frases postadas em um Facebook, o coração chora insatisfeito. Se as risadas são esteticamente bem digitadas, o sorriso desaparece em instantes. Mas viver nessa frustração crônica não é como declarar a própria pena de morte. Através de códigos binários, todos somos iguais pelo zero e um, mas diferentes pelo uso exagerado da repetição. Se Apolo deu certo como deus do sol, Éris não precisa abandonar seu pomar dourado no intuito de ser convidada para a festa de Páris e sua amada. Concorda?

Vivemos hoje o que foi negado e abominado no passado. Vivemos hoje o que tínhamos que ter vivido ontem. Veja, não adianta, a história precisa ser escrita. Os leitores de hoje são os censurados de ontem. Os escritores de hoje nada mais são do que os inconformados de ontem.

O álcool escorre pela mesa assim como o sangue escorre pelo braço. Se a fuga não está nos amigos e família e nem mesmo nas toxinas, então que se faça útil o tempo em que estive isolado, escutando aos mesmos discos, milhares de vezes. Que eu mesmo não seja tão fraco ao ponto de eliminar todas as chances de fugir. O que procuramos todos os dias são as saídas. São os momentos em que alguém se responsabiliza pelos nossos erros. E se não houver ninguém, que pelo menos nos levem a sério. Pois se hoje somos os drogados e bêbados derrotados, amanhã seremos os conselheiros que ensinam o caminho para fora da escuridão. Por mais perdido que eu pareça ser, no fundo, sou reflexo daquilo que você sonha todos os dias em ser. Livre, para errar e acertar. Nem tudo se resume no "vencer".

ERROS DE PORTUGUÊS EXISTEM.

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