sexta-feira, 6 de junho de 2014

Decay

Se no vazio do meu interior eu sentisse que alguma essência residisse, não teria dúvidas de que seu anseio maior seria o de desaparecer. Sair de mim, libertar-se. Essa vida, esse compromisso forçoso com a existência que se faz logo após o parto pesa, pesa muito. E o mistério da morte está à mercê da minha imaginação. Tem dias que eu espero o pior - e me rasgo em pedaços na tentativa de descobrir o que falta -, e há outros nos quais eu abro a janela para ver o nada. Olhar, apenas. Quanto mais distante, melhor. Mais próximo do que sinto. E eu sinto longe demais.

Chego a buscar lugares que nunca estive. Construo o que falta nos meus dias - espaços abertos sem casas, estradas só de ida, praia em dia nublado e frio -, e calo as vontades. Falta, essa é a motivação. O que falta, o que não se ergue por dentro, o que deixou de existir ou nunca existiu, aquilo que eu busco só pela busca, não pela conquista. Uma falta que preenche o abismo. Querer também satisfaz, porque você - no caso, eu - sente o pulsar da frustração ainda em estágio de expectativa. Ultimamente eu estou sentindo falta de solidão.

Preciso me frustrar em breve.




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