Há tempos que no peito dele eu me sinto negligenciado. No fundo de mim, eu sei que sou bastante importante e por isso que ser ignorado me fere demais. Tento entender os motivos dele, juro que tento, mas é muito complicado. Eu não sei racionalizar. Só sei experimentar. Então ele vem e me surpreende. Decide nos levar para sair. Cinema, é isso que ele disse. Parece interessante. Experimentarei.
Acomodados. Agora só silêncio. Começou e eu estou agitado. O tempo passa, mas não passa simplesmente. Toda a beleza das cenas me acelerou demais. Transpiro feito um louco. Estou bem. Fadigado e bem. Oras, é claro que eu suei amor.
O amor resiste, sabe? Ele acha formas de ser e se fazer. Não desiste nem aceita ser esquecido. Quando é invocado, faz questão de marcar a ferro os meus tantos outros irmãos corações. Impossível de ser mensurado, esse amor oscila entre o inundar-se e o recolher-se, seja em ondas ou cacos, amor é invencível. Se ele acaba? Não. Ele se modifica, camufla-se, adormece, torna-se recluso ou até mesmo conformado, mas jamais deixa de '(r)existir'.
Ah, o amor e suas tantas faces. Os dois garotos, o meu e o outro, cultivando-o em seu estado mais puro e bruto. O toque, o olhar cego cheio de vontades e o olhar vivo vazio de medos, o cheiro na blusa que, na madrugada de insônia, tira do corpo qualquer vestígio de cansaço, o ciúme e o beijo. Ele, o beijo, que faz o tempo perder seu sentido e vagar a esmo pelo mundo. Este mesmo beijo tão esperado e ao mesmo tempo inesperado que recai sobre mim como uma chuva morna de verão. Eu, coração de um menino também marcado pelo amor e despertado em meio aos cheiros do querer, fui beijado também. Algumas boas vezes, algumas boas bocas. E confesso: sempre que os lábios se encontravam eu tentava pular do peito para espiar o leve sorriso que se esquivava por entre as línguas.
Batia forte, porque ser ignorado me fere demais.
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