mas não consegui.
Sim, tranquei a mim - por mim.
Eu mesmo fiquei parado dentro do quarto procurando um canto pra poder rodar
sem fim.
Música, bebida, aquela fórmula sem tabela que, periódica (na mente), marca os dias para eu (ou a gente) me encontre em casa, assim, azedo - nada fresco, mas querendo refrescar a cabeça quente.
Gosto de guarda-chuva na boca com uma ressaca que não recua feito mar, pois vou te falar: nem mar eu vi. Não choveu, nem faltou gente. Era uma quarta - ou quinta - e eu precisava trabalhar.
Infelizmente, não é a sexta vez que eu desisto de arriscar pra ir ver os entes.
Quando a pele já estava forrada de cicatriz, insisti e decidi não riscar novamente.
Fiz o que parecia ser certo pra não sangrar ou abrir ferida no meio da feira.
Ia. Não fui. Mas Queria.
E nem mais o carrinho de peão era capaz de puxar o que desde o começo do ano eu desistira.
Larguei de mão a alegria.
Então dancei mesmo. Sozinho. Num espaço pequeno, esbarrando no raque,
batendo os pés nas quinas... Assim eu fui.
Foda-se. Decidido.
Era pequeno, mas me servia.
Suei, suei, suei e não chorei.
Lágrima agridoce? É o caralho!
"Ah, mas então você é desses de que homem não chora?"
Que papo é esse, princeso, tá na noia?
Homem não só chora como implora de joelhos.
Ele(s) fica(m) pequeno(s) e acha(m) que não tá(ão) de escolta,
mas quando olha(m) em volta, vê(eem) que quem não chora não
(re)clama seu lugar na cama.
Suplica. plural, porque sozinho não aguenta ser. E volta.
Óbvio que eu chorei,
mas meu choro é contido,
pequeno, no quartinho, partido em um parto
assim... Só no soluço, escondido.
Chovi por uma estação inteira mesmo.
Esqueci de desembarcar. Foda-se. O problema é comigo.
Inundei o vagão porque não dei atenção.Vai saber...
Aquele coração idiota, cheio de lorota, bem palhaço
Bem Maria Fumaça que eu, usada - e não ousada, esqueci de desembarcar ao amanhecer...
Perdi.
Assumi na frente de todos e todas que fui feita de otária e vaguei, ensimesmada, pela contramão.
Nos restos da minha desgraça, veja só - solitários - os estilhaços que mastiguei.
Aqueles farelos de quem achou que laço não se rompia com a imensidão.
Dessa vez, não lamentei.
Na beira pia, esta louça virava riacho e escorria, finalmente, para uma conclusão.
Já lavou? Já levou? Já secou? Sequei.
Conduzindo para o mar de maré baixa,
a água turva me abandonava.
Pelo ralo cheio de areia eu entendia o quanto fui raso.
Cheio de besteira, sem graça. Bem escasso.
Querendo mais do que a vida me dava. Mais do que o deserto, seco, proporcionava.
Silencioso, bem no final de tarde, sem sobra, pedi, na dúvida, o que não nego nem passo:
Disse: sobe aqui, grita do terraço que eu abro sem fazer doce.
Me laço.
Grita que eu abro.
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