quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tronco e galhos

Nem eu me conhecia tão bem, quando você disse que já sabia como ia terminar. Ainda assim, caminhamos juntos.

Não queríamos ficar em casa. O frio havia tomado nossos corpos e a única saída era caminhar. Não planejamos um local, apenas paramos em um banco de madeira que ficava de frente para um bosque. Não havia palavras nem frases, nem cartões ou cartas. Sua mão encostou na minha e nesse instante cada um seguiu seu pensamento, livre e independente.

Eu

Pessimista e frio. Desconfiado, difícil e inflexível. Quando me convém, dialético e reflexivo. Quando te convém, amigo, carinhoso, atencioso. Olho para mim, com medo de ter esquecido quem sou por ter passado tanto tempo ao seu lado. Preciso de pelo menos três dias sozinho, com minhas neuras e meus problemas, sem sua voz, sem sua ajuda, mas com sua presença. Nesses dias, amo seu silêncio mais do que qualquer música.

Você

Nunca se satisfaz. Insegurança é seu sobrenome, ainda assim tenta se mostrar firme. Cai nas próprias contradições, mas pouco se importa em me fazer acreditar que tem razão. Se você acredita, ok, não precisa mais de nenhuma aprovação. Me faz pulsar quando te convém. Me pede pra te salvar, quando te convém. Sabe ler meus olhos, e se irrita com o meu silêncio. Ama mais as minhas reclamações do que qualquer canção.

Nós

Abrimos mão do mundo e fugimos sem rumo. Aprendemos que tudo o que é demais faz perder o sabor gostoso que causa prazer. Você me ensinou a apreciar o agridoce. Eu te ensinei a saborear a saudade sem que ela te fizesse perder o paladar. Somos um, porque ainda nos reconhecemos como dois.

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