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Da janela do carro eu já avistava aquela faixa azul esverdeada logo acima da areia fina e infinita. O calor já envolvia a tudo e todos, mas meu corpo estava paralisado, apenas admirando o mar. Quando finalmente me livrei da caixa de metal ambulante fui caminhando em direção aquele que conquistou meus olhos. Ao pisar na areia já não estava mais nem um pouco conectado com este mundo de concreto e cheiro de fumaça. Não sei quanto tempo passei parado olhando as ondas, olhando o nada , pensando em nada. Realmente, é como apagar todos os pensamentos e apenas sentir algo bom tomando conta de você.
Ao entardecer , após um bom banho na água salgada, a alma lavada dançava dentro de mim cantando novas músicas. Músicas que eu não conseguia ouvir afogado na angustia da civilização. O tom laranja dessa vez não tornou as coisas desinteressantes, muito pelo contrário, um contraste magnífico com o violeta que caia sobre a areia e o mar já negro feito um pano, reflexo doc éu estrelado na terra. Eu via as pessoas, mas na verdade apenas me fixava nas suas silhuetas, eu ouvia alguns carros, mas me ligava mesmo é no barulho do vento cortando as árvores. Como já dizia uma música, " A paz invadiu o meu coração, como o vento de um tufão". Sabias palavras, momento sublime que em instantes depois se deitava em um silêncio, esperando Morfeu chegar e fechar os olhos dos que ainda estão paralisados olhando o infinito do mar casado com a profundidade da noite.
Foi assim que eu percebi o quão longe eu estava da vida e inserido em uma sobrevivência frenética e neurótica. Hoje, não estou na frente do mar enquanto escrevo essas palavras, mas consegui durante esse texto todo me transportar para lá. Posso lhes garantir, o mar continua lindo , e eu disse isso diretamente para ele.